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Mostrando postagens de outubro, 2023

A esquerda conhece a história socialista de Israel?

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Por Adelson Vidal Alves  O PCO é um micro-partido político de orientação marxista-trotskista. Diante dos atentados terroristas do 7 de Outubro, o partido publicou uma nota dando apoio ao Hamas e pedindo o fim do Estado de Israel. Militantes do PCB deram um "Viva!" ao grupo terrorista islâmico em um ato publico, e intelectuais ligados ao PT relativizaram o terror em postagens na internet.  Para condenar o Hamas basta decência, nem precisa ser de esquerda. Mas estranha demais que parte deste setor se alinhe a um grupo que compartilha valores da extrema-direita nazista, como o totalitarismo, o culto à violência, o militarismo e, principalmente, o anti-semitismo.  Como a esquerda apoia um grupo que governa com mãos de ferro fundametalista e ignora aspectos socialistas e progressistas da história de Israel?  Os kibutzim são parte da formação cultural e intelectual  israelense, e carregam experiências comunitárias socialistas de grande impacto na constituição do modelo laico do Est

Putin e Hamas não merecem perdão, mas poderiam ter sido evitados

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Por Adelson Vidal Alves  Invadir um país soberano com a finalidade de anexar territórios é crime pela legislação internacional. Atacar um território assassinando bebês, estuprando mulheres, chacinando jovens que se divertiam e fazendo reféns é terrorismo. Putin e o Hamas são parte de um eixo do mal que reúne o que há de mais bárbaro e selvagem no mundo contemporâneo. Não merecem perdão, claro, mas poderiam ter sido evitados.  No início da década de 90 a URSS se desfez. A independência dos países membros foi um golpe nos sonhos de uma grande Rússia, forte e influente. Ao Ocidente veio a oportunidade de atrair a nação euroasiática para dentro da sua civilização. Por que não se pensou em um Plano Marshall russo? Por que a Europa e os EUA não ajudaram na reconstrução russa ao invés de isolá-la a fim de enfraquecê-la definitivamente? O renascimento russo sob a direção de um ultranacionalismo autocratico e reacionário afrontou e afronta os planos ocidentais. A história poderia ter sido outra

Os intelectuais e a violência

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  Por Adelson Vidal Alves Daud Abdullah, pesquisador britânico, foi acusado de defender ataques à Marinha real inglesa caso esta atrapalhasse o esquema de contrabando e armamento do grupo terrorista Hamas. Ele ainda está entre os líderes muçulmanos que boicotaram o Dia Memorial do Holocausto e que assinaram um manifesto em Istambul onde se exorta os muçulmanos a "continuar com a jihad e a resistência contra o ocupante até à libertação de toda a Palestina".  Dauad é autor do livro "Engajando o mundo: a construção da política externa do Hamas", basicamente um acumulado de argumentos tentando mostrar que o Hamas é um movimento com vocação diplomática, sendo Israel e a agora moderada OLP inimigos da causa palestina. O autor sabe e admite que o Hamas não aceita dividir a Palestina histórica, isto é, quer a destruição de Israel. Mesmo assim é "solidário" ao grupo terrorista, como admite Clare Short, autora do prefácio à edição inglesa.  O atual assessor especial

Racismo estrutural não existe, o que é ótimo

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Por Adelson Vidal Alves  Há racismo no Brasil? Ninguém com um mínimo de decência e bom senso responderia que não. O preconceito de cor deixa marcas na nossa vivência social, com particularidades, no entanto, que nos diferenciam, por exemplo, dos EUA, onde na sua história se fez presente um arcabouço jurídico oficial discriminatório, no qual o sangue apontava o lugar de cada um no direito à cidadania. Nossos vizinhos do Norte separaram literalmente bebedouros e assentos em transporte públicos para brancos e negros. Isso não aconteceu por aqui.  Há quem diga que nosso racismo é pior, pois é velado. Melhor seria que o ódio fosse aberto e declarado. Dizem, ainda, que o racismo brasileiro não se dá na esfera voluntária dos indivíduos, mas através de operação estrutural determinante contra negros e a favor dos brancos. Chamam de racismo estrutural. Mas, afinal, o que é isso? Fui atrás do conceito.  Parti direto para o livro do dito grande teórico desta visão, o Ministro dos direitos humanos

Evangélicos sionistas

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  Por Adelson Vidal Alves  Acabo de ler "O Estado judeu" do jornalista Theodor Herzl. O livro é considerado por muitos a grande inspiração sionista para a reocupação da Palestina pelo povo judeu. Herzl narra com detalhes todo o sofrimento judaico na Europa, uma perseguição verdadeira e insana contra um povo disperso e sem pátria. O autor traz um plano para a construção de um Estado judeu, que seria laico, tendo uma república aristocrática e um exército moderno. O local? Pensou Herzl na Argentina e na Palestina, vindo  a prevalecer a segunda. Em 1897 realiza-se na Suíça o Congressio sionista. O sonho judeu de uma pátria, sabemos, se concretizou em maio de 1948, tendo a participação do brasileiro Oswaldo Aranha. A resolução 181 da ONU garantiu a instituição de um  Estado judeu, mas também um Estado palestino. Apenas o primeiro saiu, e só se consolidou com uma "guerra de independência" onde centenas de milhares de palestinos foram expulsos e migraram para regiões onde

A esquerda e o terrorismo

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Por Adelson Vidal Alves  Nas redes sociais circula video de um ato onde bandeiras da Palestina se misturam a bandeiras do PCB (Partido Comunista Brasileiro). Do microfone um dos manifestantes grita "Viva o Hamas!", sendo repetido por todos os presentes. Em Nova York, um dia depois do grupo terrorista Hamas atacar Israel, sequestrar e matar centenas de pessoas, milhares de ativistas de esquerda comemoraram a ofensiva bárbara contra o território judeu.  Intelectuais de esquerda constantemente tentam justificar o terror. Breno Altman, jornalista fundador do site Opera Mundi e com ligações estreitas com o PT, escreveu no seu twitter: "Podemos não gostar do Hamas, discordando de suas políticas e métodos. Mas essa organização é parte decisiva da resistência palestina contra o Estado colonial de Israel. Relembrando o ditado chinês, nesse momento não importa a cor dos gatos, desde que cacem ratos". Ou seja, não importa o terrorismo, desde que o alvo seja o "opressor&qu

Quem apoia Putin e o Hamas?

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  Por Adelson Vidal Alves  Em 24 de Fevereiro de 2022, a Rússia invadiu a Ucrânia. Uma potência militar atacando uma nação soberana só poderia causar repúdio da comunidade internacional, pelo menos a parte democrática e civilizada. Mas não foi bem assim. Dentro do próprio Ocidente pipocaram fake News pró-Rússia aos montes. Primeiro a Ucrânia seria um país neonazista, apesar de seu presidente ser judeu. Depois, a culpa da Guerra de conquista russa em pleno século XXI seria na verdade do expansionismo da OTAN no antigo domínio soviético. Parte da esquerda e toda a extrema-direita relativizam até hoje os crimes de guerra do autocrata russo Vladimir Putin. Até mesmo o presidente Lula responsabilizou agressores e agredidos na mesma medida.  No sábado, 7 de Outubro, o grupo terrorista islâmico Hamas atacou o território de Israel. São centenas de mortos, crianças e idosos sequestrados, mulheres estupradas. A nação judaica, óbvio, reagiu com ataques à Faixa de Gaza, região dominada pelo Hamas.

O homem cordial e as raízes do Brasil

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HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil . São Paulo, Companhia das Letras: 2018. Por Adelson Vidal Alves  O sociólogo Jessé Souza tem um livro que virou best-seller na esquerda brasileira, chamado " A elite do atraso" . Lembro de ter visto petistas indo votar com ele debaixo do braço, como um evangélico carregando sua bíblia. Tamanha adoração se dá pela crítica voraz do autor à Lava-Jato, a Operação que desmascarou (nem sempre obedecendo procedimentos éticos e legais) os mecanismos de corrupção utilizados nos governos do PT. Mas o que a militância não entendeu bem é que a principal crítica de Jessé é contra a interpretação culturalista do Brasil, tratada por ele como "tolice" em outra obra sua, ou como "complexo de vira-latas". Entre os seus alvos em A elite do atraso está Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, objeto desta minha resenha.  Escrito em 1936, este trabalho está entre as grandes reflexões históricas sobre a formação do Brasil, ao l

"Som da liberdade" nos faz pensar sobre a relação entre arte e política

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Por Adelson Vidal Alves  "A arte serve para elevar a consciência dos trabalhadores, fazendo-os refletir sobre a realidade e convidando-os a mudá-la pela práxis". Assim a arte seria definida por um marxista-leninista em meados do século XX. O uso da cultura como formação da mentalidade política é coisa velha, não só para revolucionários, mas também para conservadores, racistas, ditaduras etc.  "Som da Liberdade", que chegou aos cinemas do Brasil na semana passada, pode ser visto como mais um panfleto político dentro da sétima arte, dessa vez, usado por ultraconservadores. A produção do filme conta com figuras conhecidas desse tipo de pensamento, como Mel Gibson. A estética é pobre, o fundo musical é propositalmente apelativo, o enredo é previsível, do tipo uma mistura de novela das 9 com filme de super-heroi da Marvel. Mas há coisas nele que merecem ser analisadas, sobretudo nos rumos de sua narrativa. Além do mais nos convida a pensar: qual deve ser a verdadeira rel

O Povo Brasileiro

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RIBEIRO, Darcy. O Povo brasileiro: A formação e o sentido do Brasil. São Paulo , Ed. Global: 2015. Por Adelson Vidal Alves  Darcy Ribeiro fugiu do hospital para escrever O Povo brasileiro , segundo ele mesmo conta no prefácio do livro, dedicado ao amigo e antropólogo Mércio Gomes. O Povo brasileiro é um dos maiores clássicos do pensamento social sobre o Brasil. Particularmente, é um dos meus preferidos, li e revisitei por dezenas de vezes. A escrita de Darcy é agradável, seu conhecimento se mistura à sensibilidade social de quem não quer apenas descrever as características de um povo, mas pensar suas dores, seus problemas. Nosso autor não ficou apenas nos livros, foi para prática, defendendo os indígenas, denunciando a imoralidade da desigualdade social brasileira, e propondo saídas, como no desenvolvimento do projeto de educação integral, infelizmente ceifado pela corja que quer mais é ver a perpetuação da exclusão.  O livro começa narrando o encontro entre colonizadores e os povos