A esquerda e o terrorismo



Por Adelson Vidal Alves 

Nas redes sociais circula video de um ato onde bandeiras da Palestina se misturam a bandeiras do PCB (Partido Comunista Brasileiro). Do microfone um dos manifestantes grita "Viva o Hamas!", sendo repetido por todos os presentes. Em Nova York, um dia depois do grupo terrorista Hamas atacar Israel, sequestrar e matar centenas de pessoas, milhares de ativistas de esquerda comemoraram a ofensiva bárbara contra o território judeu. 

Intelectuais de esquerda constantemente tentam justificar o terror. Breno Altman, jornalista fundador do site Opera Mundi e com ligações estreitas com o PT, escreveu no seu twitter: "Podemos não gostar do Hamas, discordando de suas políticas e métodos. Mas essa organização é parte decisiva da resistência palestina contra o Estado colonial de Israel. Relembrando o ditado chinês, nesse momento não importa a cor dos gatos, desde que cacem ratos". Ou seja, não importa o terrorismo, desde que o alvo seja o "opressor". Altman, ainda, celebrou a possível entrada dos terroristas do Hezbollah na guerra contra Israel. 

Celso Amorim, assessor especial e ex-ministro de Lula, condenou de forma tímida as mortes na nação judaica, não sem antes apontar supostas responsabilidades da vítima. Amorim, apresentando a edição em português do livro "Engajando o mundo: a construção da política externa do Hamas" do britânico Daud Abdullah, escreveu: "através de maiores esforços diplomáticos e alianças globais, o Hamas pode desempenhar um papel central na restauração dos direitos palestinos“. Em 2021, deputados de esquerda, incluindo o atual ministro das relações institucionais Alexandre Padilha, emitiu nota contra a classificação do Hamas como grupo terrorista. Os parlamentares relacionaram o terror a uma "resistência legítima" do povo palestino.  Já o governo Lula se recusa a tratar o Hamas como terrorista, sequer cita-se o nome da organização extremista na hora de condenar os ataques em Israel.

A relação da esquerda com o terrorismo é antiga, basta lembrar a Itália da década de 70, onde operou o chamado "terror vermelho", no qual se destacam grupos como as "brigadas vermelhas" do filósofo Antonio Negri, ícone intelectual da esquerda  mundial, e o "Proletários Armados para o Comunismo", de onde veio Cesare Batistti, condenado por quatro assassinatos e que teve a extradição para a Itália negada pelo presidente Lula. 

O terror não é moralmente legitimo, diferente da causa palestina. Procurar meios para solucionar  os conflitos entre Israel e palestinos é uma responsabilidade internacional, mas não se pode incluir aqui o uso de violência contra civis inocentes como fez o Hamas. "Mas Israel faz o mesmo em sua retaliação", alguém pode dizer. De fato a contraofensiva israelense tem reunido crimes de guerra, ja condenados pela ONU. No entanto, está errado tratar o Estado de Israel como terrorista. O terrorismo é usado por grupos mais fracos militarmente em busca de objetivos pela via do terror psicológico, já que entra sempre em desvantagem de força, como acontece com o Hamas frente a força de militar de Israel. O país judeu tem compromissos jurídicos dentro da ordem Internacional, já o Hamas ameaça matar reféns como estratégia de guerra. O terrorismo não tem respeito pela ordem jurídica mundial e nem aceita as regras contemporâneas de guerra. 

Claro que nem todos que se dizem de esquerda apoiam o terror.  Gente como o atual ministro da Fazenda Fernando Haddad se recusou a assinar aquele famigerado manifesto pró-Hamas articulado por parlamentares do PT, PSOL e PCdoB. Contudo, é visivel e indiscutível a simpatia de muitos da esquerda por métodos violentos e radicais, para eles uma forma de "resistência" ao opressor. 

Uma esquerda que se pretende moderna se guia pelas leis, pela civilidade e o respeito à ordem democrática. Apoiar o terror ou relativizar seu mal só serve para demarcar quem se inseriu nos princípios da civilização e quem legitima a barbárie. 

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