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Mostrando postagens de julho, 2024

Em busca de uma esquerda democrática

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Por Adelson Vidal Alves  Maduro trapaceou e diz que venceu a eleição presidencial da Venezuela. Quase ninguém acredita no resultado. Tirando, é claro, algumas republiquetas e as ditaduras amigas do regime ditatorial de Maduro. Entre os que saudaram a fraude estão partidos e movimentos socias de esquerda no Brasil.  O sempre caricato PCO diz que Maduro "Derrota o imperialismo", e alerta sobre um golpe em curso, mas contra o ditador. O MST assina com outros movimentos sociais uma carta intitulada "Movimentos populares defendem a vitória do povo venezuelano com a reeleição” de Maduro. E o PT parabeniza o fraudulento pleito como uma "jornada pacífica, democrática e soberana". O processo eleitoral de domingo está comprometido faz tempo. O regime proibiu a principal candidata da oposição de partipar da eleição, e hoje a ameaça de prisão com acusações de terrorismo. A UE foi proibida de observar a eleição, as atas de votação foram escondidas, urnas foram retiradas dos

Antonio Risério acaba de lançar "Identitarismo", seu mais novo livro

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  Por Adelson Vidal Alves  Podemos chamar de identitarismo o movimento político, social e cultural que se sustenta no discurso da identidade coletiva, principalmente a identidade racial e de gênero. Ele se estabelece a partir de uma performance política e também narrativas que buscam interferir e modificar as estruturas de poder.  No Brasil, o principal inimigo deste grupo é o antropólogo Antonio Risério, autor de vários livros que abordam questões relacionadas ao movimento. Por conta disso é odiado, atacado e covardemente caluniado em falsos adjetivos como "supremacista branco", "racista", "ideólogo dos senhores de escravos" etc. Risério acaba de lançar mais uma qualificada e corajosa obra. Trata-se de "identitarismo", que acaba de chegar às livrarias. O autor traz uma rigorosa abordagem conceitual e histórica sobre a genealogia deste movimento, sem perder, é claro, seu tom forte, crítico e denunciante das distorções e falcatruas do ativismo wok

Moralidade evangélica beneficia os mais pobres

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  Por Adelson Vidal Alves  Confesso. Tenho meus preconceitos com os evangélicos, particularmente os protestantes pentecostais e neopentecostais. Sou tentado a reduzí-los a um punhado de ignorantes moralistas que atrapalham o progresso do país. Ainda que enxergue alguma  verdade nisso tudo, ela é, no mínimo, parcial. O antropólogo Juliano Spyer é hoje um dos principais estudiosos deste grupo. Em "O Povo de Deus" ele defende que a ida dos mais pobres para as novas igrejas evangélicas está diretamente ligada aos benefícios que é possivel colher através da vida moral que passam a ter. "O crescimento do cristianismo evangélico no Brasil tem menos a ver com pastores oportunistas e carismáticos e mais com a influência das igrejas para melhorar as condições de vida dos mais pobres. (...) As igrejas evangélicas funcionam como Estado de bem-estar social informal, ocupando espaços abandonados pelo poder público", escreveu Spyer.  Comentando o livro, o economista Samuel Pessoa

Homem e mulher são conceitos puramente biológicos?

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  Por Adelson Vidal Alves  "Recentemente tenho visto publicações e posts em redes sociais que utilizam a expressão "pessoas que menstruam" para se referir a mulheres e homens trans. Também já vi coisas como "pessoa gestante", "pessoas com mamas" com o mesmo objetivo". Confesso que me senti profundamente incomodada, tanto como mulher quanto como teórica feminista", escreveu a filósofa Djamila Ribeiro, em polêmico artigo na Folha de São Paulo em Dezembro de 2022. Djamila reconheceu a importância dos termos como forma de inclusão de homens trans, mas se incomodou com a redução biológica dada à mulher, esta que teria sentido e dimensões sociais. Nem sua reputação de pensadora identitária lhe virou de acusações de transfobia.  Bruna Benevides, da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), criticou a autora: "A transfobia não é só o tapa na cara, não é só o tiro. [O texto de Djamila Ribeiro] é, sim, uma expressão explícita de tra

Negacionismo climático e liberdade de expressão

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  Por Adelson Vidal Alves  John Clauser afirmou recentemente que não existe crise climática e que a temperatura da Terra é determinada pela cobertura de nuvens. Poderia ser apenas mais uma afirmação louca de algum negacionista das mudanças climáticas, mas não é. O dono destas palavras é Prêmio Nobel de Física de 2022. E ele não está sozinho quando o assunto é especialistas que rejeitam a tese do aquecimento global. "Os objetivos [de quem fala em mudanças climáticas] são congelar os países em desenvolvimento. O Brasil é o principal foco dessas operações que envolvem meio ambiente e clima. A ideia da mudança climática e dessas questões ambientais são para segurar o nosso desenvolvimento", afirmou o meteorologista Ricardo Felicio, professor da USP  "A diferença fundamental entre o IPCC e nós é que eles dizem que essas alterações são provocadas pela atividade humana. Enquanto nós apresentamos evidências físicas de que a variabilidade é natural. O homem não tem nada a ver com

Criticar a cultura islâmica rende acusações esdrúxulas de islamofobia

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Por Adelson Vidal Alves  - França, 2020. O professor Samuel Paty, pai de família de 47 anos, foi decapitado por um terrorista islâmico, por mostrar caricaturas do profeta Maomé em uma aula sobre a liberdade de expressão.  - França, 2015. O jornal satírico francês Charlie Hebdo sofreu um atentado terrorista, resultando em doze pessoas mortas e cinco feridas gravemente. O ataque foi perpetrado pelos irmãos Saïd e Chérif Kouachi, vestidos de preto e armados com fuzis Kalashnikov. O ato abominável foi um protesto contra uma edição do semanário, que foi recebida como insulto pelos muçulmanos. - Estados Unidos, 2022. O escritor Salman Rushdie,  autor de "Versos Satânicos" se preparava para dar uma palestra no Instituto Chautauqua, no estado de Nova York, quando um homem invadiu o palco e o esfaqueou. Por pouco não o matou. Em 14 de fevereiro de 1989, o aiatolá Ruhollah Khomeini, do Irã, havia publicado uma fatwa, onde pedia a morte do escritor britânico.  - Estados Unidos, 2001. Um

Com Tarcísio e Caiado direita brasileira pode estar seguindo moderação europeia

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Por Adelson Vidal Alves  "Se agirmos com radicalismo e soberba, vamos perder em 2026", disse o senador Ciro Nogueira (PP), ex-ministro do governo Bolsonaro. Ciro fez a afirmação em cima do resultado das eleições francesas, onde a ultradireita acabou sendo derrotada por uma frente republicana de esquerdistas e centristas. A Reunião Nacional (RN), partido de Marine Le Pen, era favorita para vencer as eleições francesas, mas esbarrou na aliança de moderados e progressistas no segundo turno das eleições parlamentares.  O grupo do presidente Macron ficou com 168 assentos, perdendo mais de 80 vagas. A Nova Frente Popular (NFP), que reúne partidos de esquerda, extrema-esquerda e ecologistas, conseguiu 182 cadeiras, e a Reunião Nacional (RN), da ultradireita, ficou em terceiro lugar, com 143 lugares. A esquerda foi a grande vitoriosa.  Apesar da derrota de Le Pen, vale destacar seus esforços de moderação. O RN é a renomeação da antiga Frente Nacional, este sim um partido abertamente

Quem faz a cabeça da Nova direita brasileira?

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Por Adelson Vidal Alves  Jordan Peterson, o controverso psicólogo canadense, esteve no Brasil. Na plateia, endinheirados e famosinhos conservadores lotaram o Espaço Unimed, em São Paulo, atrás de seus valiosos conselhos. Autor de livros como "Mapas do Significado", "12 Regras para a Vida", "Além da Ordem", Peterson fez fortuna com mais de 10 milhões de cópias de suas obras vendidas, e também palestras que realiza pelo mundo.  O intelectual querido da direita global é famoso por seu combate ao politicamente coreto e por seu visível machismo. Ele compara seres humanos a lagostas na hora de justificar as hierarquias sociais, e busca na biologia a justificativa para as desigualdades de gênero. Na plateia de Peterson estava estava gente como Nikolas Ferreira, Caio Coppola, Pablo Marçal e Fernando Holliday. São os representantes da nova direita no Brasil. Essa Nova direita cresceu sob a influência intelectual de Olavo de Carvalho, o guru astrólogo que se dizia f

Antirracismo não pode ser uma declaração de guerra contra os brancos

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Por Adelson Vidal Alves  "(...) a supremacia branca não se refere às pessoas brancas individualmente e as suas ações ou intenções individuais, mas um sistema de dominação política, econômica e social abrangente. Repito, o racismo é uma estrutura, não um acontecimento isolado". Este raciocínio vem de Robin DiAngelo, autora de "Não basta não ser racista: sejamos antirracista".  DiAngelo apenas reforça a tese do racismo estrutural, ou seja, o racismo não como fruto de comportamentos individuais condenáveis, (uma perversão particular de alguns), mas resultado de estruturas dominantes. A malandragem por trás da ideia é simples: se há estruturas e instituições operando contra negros e a favor dos brancos, logo não pode haver negros racistas, apenas brancos racistas.  Ela ainda é dona do conceito de "Fragilidade branca". Segundo DiAngelo, brancos protegidos por seus naturais privilégios de raça não conseguem suportar o estresse racial no qual muitas vezes são exp