Quem faz a cabeça da Nova direita brasileira?

Por Adelson Vidal Alves 

Jordan Peterson, o controverso psicólogo canadense, esteve no Brasil. Na plateia, endinheirados e famosinhos conservadores lotaram o Espaço Unimed, em São Paulo, atrás de seus valiosos conselhos. Autor de livros como "Mapas do Significado", "12 Regras para a Vida", "Além da Ordem", Peterson fez fortuna com mais de 10 milhões de cópias de suas obras vendidas, e também palestras que realiza pelo mundo. 

O intelectual querido da direita global é famoso por seu combate ao politicamente coreto e por seu visível machismo. Ele compara seres humanos a lagostas na hora de justificar as hierarquias sociais, e busca na biologia a justificativa para as desigualdades de gênero. Na plateia de Peterson estava estava gente como Nikolas Ferreira, Caio Coppola, Pablo Marçal e Fernando Holliday. São os representantes da nova direita no Brasil.

Essa Nova direita cresceu sob a influência intelectual de Olavo de Carvalho, o guru astrólogo que se dizia filósofo. Seus cursinhos online formaram gente de todas as classes sociais, que aprenderam a odiar as universidades como doutrinadoras comunistas e a hostilizar um suposto plano mundial de globalização, o chamado "globalismo". A ala ideológica do bolsonarismo chegou ao poder com estas ideias, e teve influência no ministério da educação e até mesmo nas relações exteriores. A nova direita brasileira quer Escola sem partido, tem alinhamento moral com a homofobia do regime de Putin, e idolatra líderes populistas como o presidente da Hungria Victor Orban. 

No campo econômico, a Nova direita brasileira é confusa. Nas manifestações de Junho de 2013 ela levou o ultraliberalismo para as ruas. "Mais Mises, menos Marx" era o slogan de grupos que denunciavam o domínio marxista no pensamento social brasileiro. Ludwig Heinrich Edler von Mises foi um economista da Escola austríaca de economia, reconhecido por suas ideias liberais extremistas, que beiram ao libertarianismo. No governo Bolsonaro, o representante das ideias econômicas ultraliberais foi Paulo Guedes,  ligado a outra escola econômica ultraliberal, a Escola de Chicago, onde seu principal nome é o Prêmio Nobel Milton Friedman. No governo, Guedes  não conseguiu privatizar uma única só estatal. 

Isso porque a Nova direita coloca o populismo na frente dos princípios. O então presidente Bolsonaro entregou o Brasil com rombos fiscais e um Estado tão inchado como nos tempos dos governos petistas. 

A Nova direita brasileira se alimenta da historiografia nacionalista do Brasil Paralelo, diz beber no liberalismo da Escola austríaca ou da Escola de Chicago, no campo moral exalta nomes como Jordan Peterson, que promove uma verdadeira cruzada contra o comunismo e o identitarismo. Os clássicos conservadores e liberais, como Edmund Burk e John Stuart Mill, nem passa perto dessa gente. A Nova direita brasileira é muito diferente da saudável direita conservadora-liberal europeia dos velhos tempos.

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