Com Tarcísio e Caiado direita brasileira pode estar seguindo moderação europeia

Por Adelson Vidal Alves 

"Se agirmos com radicalismo e soberba, vamos perder em 2026", disse o senador Ciro Nogueira (PP), ex-ministro do governo Bolsonaro. Ciro fez a afirmação em cima do resultado das eleições francesas, onde a ultradireita acabou sendo derrotada por uma frente republicana de esquerdistas e centristas.

A Reunião Nacional (RN), partido de Marine Le Pen, era favorita para vencer as eleições francesas, mas esbarrou na aliança de moderados e progressistas no segundo turno das eleições parlamentares.  O grupo do presidente Macron ficou com 168 assentos, perdendo mais de 80 vagas. A Nova Frente Popular (NFP), que reúne partidos de esquerda, extrema-esquerda e ecologistas, conseguiu 182 cadeiras, e a Reunião Nacional (RN), da ultradireita, ficou em terceiro lugar, com 143 lugares. A esquerda foi a grande vitoriosa. 

Apesar da derrota de Le Pen, vale destacar seus esforços de moderação. O RN é a renomeação da antiga Frente Nacional, este sim um partido abertamente fascista e antissemita. Marine expulsou o próprio pai da legenda e reconfigurou seu discurso, que segue de direita e com apelo à identidade francesa, porém, menos xenófobo e racista. 

Adam Przeworski, cientista político polonês, observa diferenças entre a ultradireita europeia e suas colegas da Europa Central e da América. Para o autor de "Crises da democracia", a direita radical europeia carrega elementos de xenofobia e nacionalismo extremado, mas não atentam contra a democracia, como fizeram Trump, Bolsonaro e Orban. O sociólogo Demétrio Magnoli acha um erro chamar a direita europeia de  extrema-direita, exatamente por faltar nela um apetite autoritário contra as instituições. Vale lembrar que até mesmo o trabalhismo no Reino Unido fez ajustes de moderacão, e as eleições na UE deram vitoria ao centro, contra as previsões de vitoria da ultradireita.

Talvez esse processo de moderação política fique apenas na Europa. Nos EUA  Trump segue firme e forte, enquanto Putin e Xi Jiping radicalizam seus regimes ditatoriais. No entanto, os conselhos de Ciro podem ser realistas. Percebe-se movimentos moderados em direção a nomes como Ronaldo Caiado e Tarcísio de Freitas para a presidência da República em 2026. Seria o Brasil indo para um caminho de moderação como na Europa? Vamos torcer que sim.

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