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Mostrando postagens de abril, 2023

O que fez dos Estados Unidos, os Estados Unidos

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  Por Adelson Vidal Alves  A América do Norte era uma "selvageria anárquica", nas palavras do historiador escocês Nial Ferguson. Neste mesmo momento, o território da América espanhola prosperava em metais preciosos. Por que a primeira América se tornou a maior potência econômica do mundo enquanto a segunda se fragmentou em pequenas repúblicas, algumas delas bastante pobres?  A revolução industrial na Inglaterra produziu um êxodo rural responsável por problemas sociais no meio urbano. A América, então, tornou-se uma grande opção para muita gente. Lá prevaleceu a chamada "servidão de contrato", com os colonos trabalhando de graça por alguns anos a quem lhes financiava a viagem, para logo depois poderem construir suas novas vidas. Alem disso, grupos religiosos como os quakers encontraram no novo mundo um lugar de fuga para as perseguições religiosas que sofriam. Era esse o caldo social que povoou a América inglesa. Talvez venha daqui a compreensão do sucesso americano.

Janja quer ser Evita, mas não chega aos pés de Ruth Cardoso

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Por Adelson Vidal Alves  Posses presidenciais na República brasileira geralmente seguem o ritual de transferência de poder,  com o presidente que está saindo passando a faixa para quem está entrando. Como no ano de 2023 o derrotado fugiu para os EUA, caberia ao presidente do Congresso Nacional formalizar a posse do vitorioso. Mas o que se viu no 1 de Janeiro foi um espetáculo identitário, coisa da primeira dama, a Janja. No lugar de Rodrigo Pacheco estavam representantes de minorias a subir a rampa do Planalto. Janja tem tentado mostrar protagonismo no novo governo. A nomeação da cantora Margareth Menezes para a pasta da cultura tem todos os seus dedos. Negra e mulher, a nova ministra cai direitinho dentro do perfil ideológico da esposa de Lula. Mas além de palpites particulares, Janja tem atuado publicamente. Recentemente ela respondeu um site de fofoca nas redes sociais, garantindo que a isenção de tributos para empresas chinesas não afetariam o consumidor. Virou meme imediatamente. 

Safe spaces e o truque do politicamente correto para destruir a liberdade de expressão

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Por Adelson Vidal Alves  Não é novidade para ninguém que o identitarismo usa de truques para tentar deter o monopólio do discurso. Quando falamos de "lugar de fala", por exemplo, não estamos falando de valorização democrática da voz de quem mais sofre as injustiças do mundo. Aqui, na verdade, mora a estratégia de entregar a um grupo o direito perpétuo de ter a palavra final dos temas que passam a ser somente dele. Homens são proibidos de falar em questões de mulher. Brancos não ousam se meter em debates de racismo, pois não são negros para sentir a verdadeira dor do preconceito. No fim, é um "lugar de cale-se", para usar o termo da psicanalista Maria Rita Kehl.  Silenciar o diferente está na moda no mundo do politicamente correto. Não falo apenas das milícias identitárias fascistas que invadem descaradamente eventos públicos para agredir pesquisadores e palestrantes que são críticos aos seus dogmas. Falo dos espaços oficiais abertos nos campis e até empresas. São os

A democracia respira

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  Por Adelson Vidal Alves  As eleições presidenciais de 2018 levaram Jair Bolsonaro ao posto máximo da república brasileira, vencendo em segundo turno o petista Fernando Haddad. O até então parlamentar do baixo clero de narrativa autoritária torna-se o chefe máximo da nação, provocando grande inquietação nos setores democráticos da nossa  sociedade. A democracia no Brasil estaria ameaçada? Quatro anos depois, o sufrágio popular derrotou os tempos de tensionamento autoritário no país, mas sem responder definitivamente à questão da saúde democrática nacional.  O historiador Alberto Aggio está lançando “ Ainda respira...A democracia sob ameaça” (Ed.Appris), livro que reúne artigos e ensaios publicados por ele entre 2018 e 2022. O trabalho apresenta um conjunto de análises históricas do autor construídas em contextos particulares, mas sem prejuízo para sua validade atual, de dimensões proféticas, inclusive. Aggio atravessa um conjunto de ângulos analíticos plurais, centralizados, sempre,

Esquerda multiculturalista absolveu o pedófilo do Tibet

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  Por Adelson Vidal Alves  "É um costume antigo do Tibet (...) Ele é muito brincalhão", escreveu Leonardo Boff no seu Instagram. O escritor e teólogo católico falava do deplorável episódio em que o Dalai Lama pedia a uma criança que beijasse sua língua. As palavras de Boff integram o patrimônio ideológico do multiculturalismo, para quem não há validade universal na cultura, e que as culturas devem ser separadas e completamente isentas de interferência externa. Nada poderíamos fazer diante das tribos indígenas que enterram crianças vivas, que sacrificam bebês deficientes ou que simplesmente sejam de característica albina. Para a esquerda multicultural não há direitos humanos universais.  O Ocidente desenvolveu valores que protegem a vida e a dignidade humana. Ergueu instituições e constituições que celebram a diversidade cultural, mas que compreende a necessidade de se defender alguns direitos como sendo próprios da humanidade. No entanto, há quem compreenda essa civilidade co

Estado liberal e a natureza humana

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  Por Adelson Vidal Alves  Sigmund Freud, pai da psicanálise, defendia que a civilização era incompatível com os impulsos naturais do ser humano. O processo civilizatório exigiria repressão. Thomas Hobbes, com sua famosa frase "o homem é o lobo do próprio homem" entendia ser necessário um Estado absoluto capaz de impedir a "guerra de todos contra todos".  O poeta John Dryden, em outra direção, escreveu: "sou tão livre quanto a natureza criou o homem, antes das desenrosas leis da servidão, quando o bom selvagem corria solto pelas florestas". A ideia de um bom selvagem ganhou força nas reflexões do filósofo genebrino Jean-Jacques Rousseau, para quem "nada é mais gentil que o homem em estado primitivo". As ideias rousseaunianas radicalizadas levaram ao momento mais violento da revolução francesa, a fase do terror jacobino. Nos dias atuais aceita-se melhor a ideia de que o homem não é só natureza, muito menos uma tábula rasa. Há muita coisa inata no

Haddad calou a boca de muita gente..inclusive a minha

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Por Adelson Vidal Alves Lula escondeu durante toda a campanha eleitoral seu ministro da Economia. Ele ouviu especulações sobre Persio Arida, Armínio Fraga, André Lara Resende, Henrique Meirelles e outros, já tendo seu nome na cabeça. Apostei no primeiro, mas o mesmo fez questão de dizer que não aceitaria um eventual convite. O mercado seguiu apostando em um nome ortodoxo, uma espécie de reedição do Lula 1. A mídia apresentava seus preferidos. Só que o escolhido foi o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. Quebramos todos a cara.  O ex-ministro da Educação não é lá um economista de ponta e chegava ao governo como o amigo de confiança de Lula. Tinha tudo pra dar errado. O presidente e o PT ordenavam a gastança e o "poste" só obedeceria. Controle de gastos? Nada disso. Imaginávamos todos que o novo homem da economia iria dar cheque em branco para o aumento das despesas, nas trilhas do bom e velho populismo petista. Mais uma vez quebramos todos a cara.  Chegando ao governo, Ha