Haddad calou a boca de muita gente..inclusive a minha


Por Adelson Vidal Alves

Lula escondeu durante toda a campanha eleitoral seu ministro da Economia. Ele ouviu especulações sobre Persio Arida, Armínio Fraga, André Lara Resende, Henrique Meirelles e outros, já tendo seu nome na cabeça. Apostei no primeiro, mas o mesmo fez questão de dizer que não aceitaria um eventual convite. O mercado seguiu apostando em um nome ortodoxo, uma espécie de reedição do Lula 1. A mídia apresentava seus preferidos. Só que o escolhido foi o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. Quebramos todos a cara. 

O ex-ministro da Educação não é lá um economista de ponta e chegava ao governo como o amigo de confiança de Lula. Tinha tudo pra dar errado. O presidente e o PT ordenavam a gastança e o "poste" só obedeceria. Controle de gastos? Nada disso. Imaginávamos todos que o novo homem da economia iria dar cheque em branco para o aumento das despesas, nas trilhas do bom e velho populismo petista. Mais uma vez quebramos todos a cara. 

Chegando ao governo, Haddad fez taxar novamente os combustíveis. Nada de dinheiro público maqueando a inflação. Gleisi Hoffman, presidente do PT, ficou brava, sinal de que a decisão foi acertada. Agora, a Fazenda apresenta um arcabouço fiscal que visa zerar a dívida pública. Só de um economista do PT pensar em controlar os gastos já é um grande ganho.

No novo mecanismo de controle fiscal, não se congela o aumento de gastos, como propunha o velho e engessado teto de gastos. Se a receita aumentar, 70% da variação pode ser incluída no aumento do próximo ano. Isto é, se a receita aumentar 5%, o crescimento dos gastos pode chegar a 3,5%. Há um teto nesse aumento, de 2,5%. Áreas como saúde e educação não entrarão nessas regras. As razões são óbvias. O crescimento de tais despesas é necessário e inevitável. Ao contrário do draconiano teto de Temer, o de Haddad considera bons momentos da economia.

Menos falastrão que Lula, que desafia demagogicamente o BC, Haddad se mostra articulador. Sabe que juros altos não é coisa de sabotagem política bolsonarista. Se assim fosse, como explicar a subida de juros no ano passado em pleno ano eleitoral? O bolsonarista Campos Neto sabotando Bolsonaro?

Ainda é cedo para fechar diagnóstico, não subestimo os petistas na hora de fazerem besteira. Até agora, Haddad não caiu na narrativa aventureira do Partido dos Trabalhadores, nem cedeu ao fiscalismo dogmático. Joga no meio, tentando agradar um pouco a todos. Até agora está conseguindo. 



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