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Mostrando postagens de dezembro, 2022

Orgulho de ser mestiço

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    Por Adelson Vidal Alves  Em 14 de agosto de 1862, Abraham Lincoln convocou um grupo de negros americanos para discutir a questão da convivência racial. O presidente então disse: "Vós e nós somos raças diferentes. Existe entre ambas uma diferença maior do que aquela que separa quaisquer outras duas raças (...) muitos de vós sofrem enormemente ao viver entre nós, ao passo que os nossos sofrem com vossa presença". Thomas Jefferson, outro presidente dos EUA, em " Notas sobre o estado da Virgínia" defendeu que os negros americanos fossem educados no país e logo depois enviados para uma terra separada para eles.  Não foram apenas governantes brancos que pensaram a separação racial como a melhor solução para as questões de vivência entre as raças. Marcus Garvey, um dos principais nomes do panafricanismo, entendia que "É uma depravada e perigosa doutrina da igualdade social clamar, como fazem certos líderes colored, pelo convívio entre negros e brancos, o que destr

Ficar bonzinho no natal é tão falso quanto quem diz gostar de uva passas no arroz

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  Por Adelson Vidal Alves  Estou convencido que quem come uva passas no arroz o faz por alguma exibição de resistência ou está simplesmente reproduzindo alguma moda. As uvas passas são simplesmente uvas desidratadas e com semblante seco e envelhecido . É feia no formato, ruim no gosto. Colocada no arroz ela destrói uma refeição inteira. Nem mesmo meu espírito democrático defensor de liberdades individuais consegue fazer concessão para o direito de se oferecer tamanho absurdo a convidados numa ceia de natal.  Falando em natal, me lembrei de Oliver, meu colega americano que conheci em um encontro de teólogos que participei há 15 anos atrás. Eu não era e nem sou teólogo, mas flertava com a graduação. No encontro, às vésperas de Natal, os palestrantes do evento falavam sobre o espírito natalino, a necessidade de se abrir para a dimensão fraternal e solidária que desperta a data. "É preciso perdoar nesse momento", disse alguém. "O nascimento de Jesus nos provoca a promover a

Globalização oferece vantagens e é caminho progressista irreversível

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Por Adelson Vidal Alves  Há pontos positivos nos Estados nacionais. Nas sociedades tribais, os vínculos de confiança se dão pelo parentesco e o poder é centralizado e exercido por um chefe sem qualquer traço de impessoalidade. A nação, mesmo sendo uma "comunidade imaginada", para usar o termo de Benedict Anderson, constrói laços relacionais entre desconhecidos, unidos pelo pertencimento comum ao grupo que se estabelece em delimitações territoriais. Neste espaço constrói-se uma identidade nacional, onde a vivência social é compartilhada pela língua, cultura e pelas leis que devem ser cumpridas por todos.  Roger Scruton, grande filósofo conservador, fez uma interessante diferenciação entre patriotismo e nacionalismo. O primeiro é o apreço pela pátria, o amor ao lar e tudo que ele representa. Nacionalismos levam à beligerância, símbolos nacionais são instrumentalizados pela violência e usados para o conflito. Scruton lembra, ainda, que a formação dos Estados-nações e seu novo se

Para quem vai a torcida dos oprimidos?

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Por Adelson Vidal Alves  Intitulada "Quem conquistou a Copa pela França" a charge do jordaniano Mahmoud Rifai ficou famosa em 2018. No desenho, a bandeira francesa rouba a taça do mundial das mãos de refugiados negros. A interpretação não exige muito esforço mental. Para o cartunista, não foram franceses que ganharam o torneio, mas estrangeiros de uma raça residindo no país  europeu, apesar de apenas dois jogadores terem nascido fora da França. Nada disso interessa aos grupos de esquerda que ajudaram a espalhar a charge. O importante sempre foi gravar nas seleções europeias a marca da opressão.  A França jogará a semifinal da Copa de 2022 contra o Marrocos. A seleção africana é a queridinha do mundial, já que representaria o oprimido continente africano contra os malvados colonialistas. O futebol aqui é atravessado pelos traumas do passado, em distorções e passagens seletivas que ofuscam a complexidade histórica. Aos imperialistas da Europa todo o ódio daqueles que se solidar

Deus me livre ser homem, branco e heterossexual

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 Por Adelson Vidal Alves O cantor Fiuk, quando participava de um reality show da TV Globo, pediu desculpas aos prantos por ser branco, homem e hétero. O filho de Fabio Jr não é um bocó retardado (pelo menos não só isso) tendo surtos sem sentido, ele foi capturado pela psicologia identitarista. Deixe-me explicar melhor. O identitarismo é um movimento político-ideológico que trabalha sistematicamente pela divisão dos humanos em identidades fragmentárias de gênero, raça e orientação sexual. Em seu discurso, homens brancos heterossexuais são parte de uma classe universal opressora e privilegiada. Sua condição é definitiva, e por isso devem peregrinar a história em eterna penitência por suas vantagens. O identitarismo se sustenta em duas bases fundamentais: mentira e vitimização. Sem isso, o identitarista não se sustenta em dois minutos de conversa.Usam de tais artimanhas, por exemplo, quando dizem que o Brasil é um país de maioria negra. Na verdade, nosso país é pura mestiçagem, fruto de u

Antonio Risério reúne ensaios em um livro extremamente necessário

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Por Adelson Vidal Alves  No dia 15 de Janeiro a Folha de São Paulo publicou artigo do antropólogo Antonio Risério, onde se discutia o racismo de negros contra brancos. O texto foi recebido com revolta no meio identitário, que respondeu com alta violência e agressividade. Pipocaram artigos críticos ao autor em sites, blogs e, principalmente, na própria Folha, onde chegou a ser orquestrado um tribunal pela censura. O jornal não deu resposta para Riserio, alegando que o assunto estava encerrado, enquanto abria suas páginas para a cafajestagem do identitarismo.  O identitarismo é um movimento político- ideológico que busca reinterpretar o ser social a partir do corte de raça, orientação sexual e gênero. Sua influência se estende pelas universidades, a mídia e por toda a sociedade, onde a fragmentação do individuo e sua sistematização teórica estão na moda. O pensamento identitário tem abrigo nas esquerdas e também na direita, mas se acomoda melhor entre as primeiras, onde rapidamente vem t

Como entender tamanha força do antissemitismo na história?

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Por Adelson Vidal Alves  Kanye West, rapper americano, escreveu em seu Twitter que "ama nazistas". Negro, ele é uma figura bastante conhecida por expressar seu antissemitismo. O presidente dos EUA se pronunciou condenando a ideologia de Hitler e o preconceito contra os judeus. Preconceito, aliás, que cresce nas redes sociais, mesmo depois de tanta informação sobre os horrores cometidos na segunda guerra mundial.  Apesar do líder alemão ser o mais conhecido entre os carrascos do judaísmo, ele não é o único que expôs publicamente seu ódio ao povo semita. Martinho Lutero, principal nome da reforma protestante do século XVI, escreveu em 1543 o livro Sobre o judaísmo e suas mentiras, com passagens abomináveis, onde se pode ler que os judeus "são filhos do demônio",  "pequenos demônios destinados ao inferno.” Ele vai além, e incentiva a violência, clamando ao povo que queime as sinagogas.  No livro Mein Kampf de Hitler, obra que expõe o tenebroso racismo do chefe n