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Mostrando postagens de novembro, 2023

Reformas religiosas importam?

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Por Adelson Vidal Alves  A Idade média já foi chamada de Idade das trevas. Partia-se da ideia de que durante cerca de mil anos o domínio da igreja católica fez a história estacionar, sem nenhuma mobilidade tecnológica e cultural. O termo já não é mais utilizado. Durante este período conhecemos atrocidades como a Inquisição, mas ele não foi um absoluto vazio intelectual e criativo.  No século XVI, Martinho Lutero deu início a um movimento reformista que dividiria o cristianismo, desafiando hierarquias e democratizando a narrativa da fé. O protestantismo avançou na universalização da educação, deu à consciência individual o poder de interpretar as escrituras, valorizou a ética do trabalho e contribuiu significativamente para a modernização do Ocidente. Teria o reformismo religioso poder de auxiliar o trem da história para a frente? Ele é possível em todos os espaços religiosos? Parece claro o quanto é difícil implementar reformas no ambiente do islã. Uma das grandes defensoras do reformi

Qual será a solução de Safatle para a guerra Israel-Hamas?

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Por Adelson Vidal Alves  Segundo a Liga Antidifamação (ADL) desde os atentados do trágico 7/10, quando o grupo terrorista Hamas atacou Israel, aconteceram pelo menos 1.040 incidentes de antissemitismo na França, 1.019 no Reino Unido e 312 nos Estados Unidos. No Brasil, casos de hostilidades a judeus aumentaram em dez vezes em outubro de 2022, comparado ao mesmo mês deste ano, saindo de 44 para 467. Pelo mundo, o antissemitismo avança.  Jürgen Habermas, um dos principais nomes ligado à Teoria crítica da Escola de Frankfurt, se juntou a outros renomados intelectuais para escrever um curto e significativo artigo sobre os acontecimentos no Oriente Médio. O texto é simples e direto: Israel foi alvo de uma ofensiva bárbara e tem direito a se defender. Os autores reconhecem a necessidade de discutir os excessos da ofensiva israelense, assim como de dar atenção ao sofrimento palestino, mas rejeitam por completo a ideia de que Israel estaria agindo de forma genocida. Por fim, pedem atenção aos

Não preciso ser cristão para salvar o Ocidente

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Por Adelson Vidal Alves  A somali Ayaan Hirsi Ali tem uma história admirável. Professora, pesquisadora e escritora, é uma corajosa ativista pelas liberdades de crença e pensamento. Crítica feroz do islã, tem na sua biografia a relação com a Irmandade muçulmana e um passado de mutilação genital. Depois de ler o famoso texto de Bertrand Russel "Por que não sou cristão" se tornou atéia. Hoje se diz cristã, e assim de declarou ao publicar o artigo "Por que agora sou cristã", que vem dando o que falar. Ali tem muita razão em várias partes do seu texto. Para começo de conversa, ela identifica ameaças terríveis à cultura ocidental. Para ela, temos três grandes inimigos: "A civilização ocidental está sob ameaça de três forças diferentes, mas relacionadas: o ressurgimento do autoritarismo e do expansionismo das grandes potências sob as formas do Partido Comunista Chinês e da Rússia de Vladimir Putin; a ascensão do islamismo global, que ameaça mobilizar uma vasta populaç

Livros podem ser proibidos?

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Por Adelson Vidal Alves  O governo de Santa Catarina, comandado pelo bolsonarista Jorginho Mello (PL), ordenou a retirada de 9 livros das escolas públicas do estado. Entre as obras censuradas está o clássico da literatura distópica "Laranja mecânica" de Anthony Burgess. A secretaria de educação fez circular ofício onde não se lia a justificativa para a proibição. Mas cabe perguntar: há justificativa para se proibir a circulação de algum livro? O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro confirmou no ano passado a decisão de proibir comercialização do livro "Minha Luta", do líder nazista Adolf Hitler. A decisão ratificou uma liminar obtida pela Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (FIERJ).  Em 1991, a Editora Revisão  do gaúcho Siegfried Ellwanger Castan, foi alvo de busca e apreensão de alguns de seus livros acusados de difundir pensamento racista. Castan e muitas das publicações de sua editora negam o holocausto e a morte de 6 milhões de judeus durante a seg

Israel guerreia pelo Ocidente no mundo em choque de civilizações

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Por Adelson Vidal Alves  "Nesse mundo, os conflitos mais abrangentes, importantes e perigosos não se darão entre classes sociais, ricos e pobres, ou entre outros grupos definidos em termos econômicos, mas sim entre povos pertencentes a diferentes entidades culturais", escreveu Samuel Huntington em "O choque das civilizações", um dos livros mais bombásticos do que século XX. Nele, o cientista político americano defende que no mundo pós-Guerra fria os principais conflitos serão civilizacionais.  O século XXI foi surpreendido por duas guerras, uma delas na Europa. A invasão da Ucrânia pela Rússia tem motivações territoriais, econômicas e políticas, mas é evidente o elemento cultural, onde a Ucrânia é acusada de se aproximar do Ocidente. Teóricos reacionários ultranacionalistas ligados à Putin, o autocrata russo, compreendem o conflito como uma luta espiritual entre a tradição eurasiana e o progressismo decadente do Ocidente. Um verdadeiro Armageddon. No Oriente Médio,