A esquerda tem motivos para odiar o darwinismo

Por Adelson Vidal Alves 

Em artigo publicado hoje no Jornal Folha de São Paulo, o filósofo Luiz Felipe Pondé analisa as relações entre os progressistas e o darwinismo, tema que sempre me despertou curiosidade. 

Em 1978, o biólogo Edward O. Wilson recebeu um jarro de água gelada na cabeça enquanto palestrava.  Wilson é o criador do termo sociobiologia, campo de pesquisa que defende papel determinante dos  genes no comportamento humano. O consagrado cientista diz ainda que o egoísmo é marca fundamental de nossa natureza. Algo terrível para quem imagina em sua utopia uma sociedade onde o coletivo se sobreponha ao individual, e a generosidade predomine nas relações sociais. 

Richard Dawkins, um dos maiores darwinistas vivos, compartilha a tese de Wilson. Em seu livro de nome sugestivo, "O gene egoísta", Dawkins escreve ""O argumento deste livro é que nós, e todos os outros animais, somos máquinas criadas pelos nossos genes (...) Sustentarei a ideia de que uma qualidade predominante que se pode esperar de um gene bem sucedido é o egoísmo implacavel".  

Napoleon Chagnon foi outro pesquisador a desafiar as ilusões antropológicas da esquerda. Em "Nobre selvagens" Chagnon desmonta a lenda rousseauniana de muitos pesquisadores que, sustentados pela ideologia, imaginaram índios benevolentes em seu estado de natureza. Em suas pesquisas de campo com os Ianomâmis, percebeu-se que a violência não era apenas por defesa e expansão de territórios. Os nativos machos brigavam por sexo, numa perspectiva que Chagnon entendeu ser da lógica darwinista na busca por difusão dos genes.

Algo semelhante podemos ver entre os bonobos, símios muito próximos da nossa espécie. Segundo um estudo publicado na revista científica Current Biology, os bonobos macho lutam com mais frequência do se imaginava. Tal espécie foi apelidada por muitos de "macacos hippies", por supostamente serem pacíficos. Ao que indica várias pesquisas, não é bem essa realidade. 

A concepção marxista da natureza humana crê na ação das estruturas sobre nossas consciências. O ser humano responde ao modelo de produção dominante. Sendo assim, o consumismo e o individualismo não seriam traços oriundos dos nossos genes, mas reprodução das relações econômicas. Os marxistas, então, acreditam que podem ter um paraíso social quando a história fizer chegar um modelo de produção que incentive a igualdade e a cooperação altruísta, isto é, a sociedade comunista. Como vimos, as pesquisas cientificas de matriz darwinista apontam para outro lado da nossa natureza. Seríamos egoístas e propícios à guerra e à violência. Por estragar seus planos ideológicos a esquerda tem motivos para odiar o darwinismo.

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