Quatro revoluções do passado e as virtudes do liberalismo

Por Adelson Vidal Alves 

A história testemunha incontáveis revoluções. Algumas desembocaram em tiranias sanguinárias, casos de Cuba, Nicarágua e o Irã; outras deixaram legados positivos para os lugares onde aconteceu e também para o mundo. Em "Era das revoluções", Fareed Zakaria analisa quatro revoluções do passado, onde três delas, todas liberais, teriam trazido benefícios para o mundo (holandesa, inglesa e industrial) e uma outra que traiu seus ideais originários (francesa).

Por volta dos séculos XVI e XVII, os Países Baixos conheceram uma onda de desenvolvimento e prosperidade. Criatividade, empreendedorismo, eleições e concorrência são alguns dos fatores que fizeram a República Holandesa revolucionar sua história e a história do mundo. Uma revolução puritana colocou fim ao domínio espanhol, com a ética calvinista favorecendo  o progresso, conforme analisaria o sociólogo Max Weber. A experiência dos Países Baixos só foi vencida em 1672 com a invasão da Holanda pela França de Luiz XIV. 

Mas o liberalismo oriundo da revolução holandesa conheceu outro lar: a Inglaterra. A coroação do holandês Guilherme de Orange para o trono da Inglaterra, no processo que ficou conhecido como Revolução gloriosa, abriu caminho para a futura hegemonia inglesa. A Inglaterra acolheu o legado holandês e prosperou, inclusive sendo pioneira em outra importante revolução, a industrial. 

As chamadas revoluções industriais, analisadas no livro em suas formas inglesa e norte-americana, impulsionaram o mundo para uma nova fase da história planetária. Mudanças na gestão do tempo e no comportamento se estenderam para o mundo, formando uma nova realidade nas sociedades modernas. Assim como todas as revoluções, a industrialização cobrou preço alto, inclusive em vidas perdidas, mas sua conclusão trouxe um enorme impacto na vida das pessoas, em grande parte positivas. 

Enquanto as revoluções na Holanda, na Inglaterra e a revolução industrial são tratadas por Zakaria como positivas, a revolução francesa é criticada. O autor faz análise semelhante a já feita por Edmund Burke em "Reflexões sobre a revolução na França", onde o fundador do conservadorismo moderno elogia a revolução americana por sua moderação e condena a francesa por sua sede de destruição. Zakaria ataca os momentos de terror da revolução francesa, e constata que sua violência está ligada a um projeto que vem de cima para baixo, enquanto as outras experiências analisadas viriam de baixo para cima. 

Farred Zakaria é rigoroso no seu trabalho, assim como coerente e convincente nos seus argumentos. Porém, há quem possa dizer que sua seleção de revoluções tenha sido direcionada para a sua conclusão do quanto é virtuoso o liberalismo. A crítica é válida, mas há no livro elementos consistentes para entender porque as sociedades do Ocidente liberal dominaram o mundo e criaram as economias mais prósperas. Uma defesa necessária do liberalismo em tempos de ofensiva contra a ordem liberal.

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