Devemos abandonar a utopia igualitarista existente na educação


Por Adelson Vidal Alves 

Nós professores fomos formados dentro de uma concepção pedagógica igualitarista. Todos os alunos seriam iguais e mereceriam tratamentos iguais. Fora os alunos de inclusão, todos são expostos ao mesmo conteúdo e os mesmos procedimentos avaliativos. A conclusão quanto à produtividade anual respeita critério exato. Quem não consegue a pontuação exigida deve ser reprovado. 

No entanto, no nosso dia a dia encontramos visivelmente a desigualdade. Há alunos brilhantes e há alunos medíocres. Pela força da natureza alguns nascem para serem cientistas, outros mal conseguirão resolver uma simples equação matemática. São fatos incômodos que não deixam de ser fatos. 

É bem verdade que há outras formas de desigualdade. São desigualdades econômicas e sociais. Alunos pobres tem vidas muito mais difíceis e sobrecarregadas que alunos de classe média, sendo dever do Estado corrigir tais desigualdades produzidas no campo de um sistema social e econômico que abriga injustiças. A igualdade de oportunidades precisa ser estabelecidas, porém sem a ilusão de que os resultados serão iguais. 

O filósofo britânico Roger Scruton dizia que não é a educação e a cultura que devem servir aos alunos, mas os alunos que devem servir à cultura. Ao professor caberia o simples papel de descobrir as elites estudantis, alunos que por sua capacidade destacada tem a função de transmitir o conhecimento para outras gerações. Trata-se de uma visão elitista e aristocrática que incomoda nossa utopia igualitária, mas que não está de toda errada. 

A influência dos genes na aprendizagem é conhecida faz tempo, e isso está na vida. Há jogadores de futebol que vão treinar 24h por dia e jamais irão virar um Pelé ou um Messi. Não se trata de determinismo, pois mesmo alunos com capacidade precisam de treinamento, de abordagens adequadas de aprendizagem. 

Há também alunos que não conseguirão absorver determinadas habilidades, mesmo que sejam expostos a sistemáticas técnicas pedagógicas em tempos integrais de ensino. Tampouco chegarão à universidade. Aliás, a universidade não deveria ser vista como um espaço absolutamente democrático, no sentido em que todos deveriam participar dele. A universidade é própria de uma elite pensante, não um lugar aberto e acessível a todos.

O que isso quer dizer? Que devemos olhar com preferência para alguns alunos e excluir outros? Claro que não. 

Sou adepto ainda de uma educação que foque no aluno, que seja capaz de valorizar a pluralidade nos talentos, afinal, uns são bons em matemática, outros em história, e outros serão grandes atletas e brilharão nas aulas de educação física. 

O que defendo é o abandono da utopia igualitária de que todos os alunos são iguais. Há sim mentes brilhantes que vão ocupar naturalmente postos dirigentes na sociedade, e outros que são incapazes de assumir funções de destaque. Inclusive na disciplina, há alunos incapazes de se adaptar às regras estabelecidas, e nada parece fazer com que sejam incorporados a um ambiente escolar civilizado. Atrapalham o andar do desenvolvimento escolar coletivo. Reconhecer essa situação é um passo para reformularmos o processo educacional com o pé na realidade, visando o bem estar comum. Há verdades incômodas na educação que precisam ser encaradas.

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