Identitarismo reforça estereótipos raciais por interesse
Por Adelson Vidal Alves
Thelonious "Monk" Ellison é um escritor de talento não reconhecido pelo público. Também é professor universitário, e em uma das suas aulas é confrontado por uma estudante woke, que dá chiliques identitários por conta do uso da maldita palavra com N. Monk é afastado do seu trabalho para reencontrar sua tumultuada família. Pai adúltero, mãe com Alzheimer, um irmão gay que mal saiu do armário. Sua irmã mais lúcida sofre mal súbito e morre.
Mas o que "Ficção Americana" de fato trata é a questão dos estereótipos raciais na literatura americana. No mercado editorial, negros só podem reproduzir com sucesso seus trabalhos quando eles tratam de famílias disfuncionais, drogas e delinquência. O pior é que, apesar do mercado dirigido por homens brancos, são os negros que reproduzem esta realidade, ao aceitarem retratá-la de forma simplista.
Na trama o professor Monk se cansa de ser rejeitado por um sistema que preza pela mediocridade, e resolve debochar de tudo isso. Escreve, então, um livro com a cara do estereotipado mundo negro, e oferece a seu agente. A obra, de péssima qualidade e cheia de veias racistas, ganha o público, fazendo-o um astro literário. Monk aceita a proposta milionária pela publicação, já que sua mãe doente depende de recursos.
Algo no filme é real e provoca debates. O estereótipo racial negro é movido por racistas cretinos, mas muitas vezes é peça de propaganda identitária. O negro vítima, sofredor, rebelde e que enfrenta a sistemática opressão do mundo é um resumo falso e preconceituoso.
Aliás, a cor da pele de alguém não pode determinar um jeito de vida estático e superficial. Negros se interessam por ópera, por filosofia ocidental, escuta Rock and roll e tocam violino. Não se simplifica a vida de pessoas por sua pele escura em busca de vitrine e rendimentos financeiros e políticos.
No Brasil e no mundo o identitarismo precisa formar guetos militantes, unidos por uma performance comum, são os muros erguidos pelo multiculturalismo. Acredite! Isso vende, e há quem aceite vender e comprar isso. É o mercado, atendendo a brancos racialistas e negros ativistas.
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