Os "nãos" palestinos

Por Adelson Vidal Alves 

Theodor Herzl, principal nome do sionismo, publicou "Altineuland" (A velha nova terra), em 1902, seis anos depois de escrever "O Estado Judeu", livro que impulsionou o movimento político de retorno dos judeus para a Palestina. No romance, o personagem Steineck afirma: "todo mundo merece ter uma terra". 

David Ben-Gurion, primeiro chefe de governo israelense, foi outro sionista que defendeu o direito de todo povo ter uma nação, no caso aqui, os palestinos. Ao contrário da lorota pró-palestina de setores da esquerda anti-Ocidente, o sionismo não é um movimento genocida que nega aos palestinos um Estado. Então por que este Estado nunca saiu do papel? Simples. Porque os próprios palestinos nunca quiseram. 

Foram várias as tentativas de partilha:


- Em 1937, os ingleses criaram uma comissão de análise do conflito entre judeus e palestinos, que ficou conhecida como "Comissão Peel". A proposta britânica foi de criação de dois Estados, com os palestinos podendo desfrutar de 75% do território da Palestina Mandatária. Ben-Gurion, com a parte menor, aceitou o acordo. Do lado dos palestinos veio a recusa, através da liderança de Mufti Haj Amin al-Husseini.

- As Nações Unidas assumiram a situação. Seu comitê, a UNSCOP (Comitê Especial Sobre a Palestina), ficou responsável pela análise do dilema. Ele chegou à mesma conclusão dos britânicos. Seria necessário dois Estados na região. A proposta oficial foi aprovada na Assembleia da ONU em 29 de novembro de 1947, praticamente dividindo o território ao meio. Os judeus disseram sim, os palestinos, não. Mais do que isso: o Estado de Israel teve que enfrentar uma guerra contra países árabes, e venceu, na chamada Guerra de independência

- Em 1967, depois da Guerra dos Seis Dias, quando Israel novamente derrotou militarmente seus inimigos árabes, o Estado judeu ofereceu devolver aos palestinos as terras conquistadas nesta guerra. Em troca só fez um pedido: paz. A resposta árabe-palestina foi direta: não à paz com Israel, não ao reconhecimento da existência de Israel.

- Chegado o século XXI uma nova oportunidade, em 2001. Desta vez a iniciativa veio do próprio Israel. O primeiro-ministro israelense Ehud Barak ofereceu a Yasser Arafat, presidente da OLP (Organização Para a Libertação da Palestina) uma nova proposta de partilha. Arafat recusou, vindo depois a chamada Segunda Intifada. 

- Durante a Segunda Intifada, outro plano. O presidente americano Bil Clinton expandiu a proposta de Barak, acreditando que agora conseguiria um acordo de paz. Israel disse sim, Arafat novamente disse não. Clinton comentou mais tarde que os palestinos levariam o processo de paz para um "beco sem saída".

- Os palestinos ainda receberam outra oportunidade de ter um Estado. O primeiro-ministro israelense Ehud Olmert foi ainda mais generoso que seu antecessor Barak. Mas a Autoridade Palestina, através de Mahmoud Abbas, disse não. 

Resumindo: os palestinos nunca aceitaram um acordo de partilha, venha de um outro país, da ONU ou do próprio Israel. O fanatismo palestino entende que Israel é uma nação não-muçulmana governando uma terra muçulmana. Daí o radicalismo de querer impor o retorno de milhões de refugiados da Guerra de 1948, que na prática significaria acabar com o Estado de Israel. 

Não adianta o mundo fazer esforços por um Estado palestino se os próprios palestinos não estão dispostos a ceder. Abba Eban, destacado político israelense, certa vez disse: "Os árabes nunca perderam a oportunidade de perder uma oportunidade". Estava coberto de razão.

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