Negros antissemitas


Por Adelson Vidal Alves 

Claudine Gay foi a primeira pessoa de pele negra a assumir a reitoria da Universidade de Harward. Recentemente renunciou ao cargo. Apesar de exibir na sua carta de renúncia motivos raciais e ideológicos, o fato é que a pressão por sua saída tem razões acadêmicas e de gestão. Gay é acusada de plágio e de ser tolerante com o crescimento do antissemitismo na Universidade que dirigiu. Depois do início da guerra entre Israel e o Hamas aumentou consideravelmente declarações de ódio aos judeus nos campis americanos. No Congresso, questionada sobre sua posição frente aos apelos por genocídio judeu, a então reitora respondeu: "depende do contexto".

Esperava-se de uma acadêmica (na verdade de qualquer pessoa minimamente decente e civilizada) que condenasse de forma incondicional qualque tipo de exortação genocida contra os judeus. Mas o relativismo de Gay só comprova o quanto o antissemitismo está se espalhando em todos os setores da sociedade. Às vezes de forma aberta, às vezes maquiada em termos como "anti-sionismo". Revela também o quanto minorias que sofrem racismo, como é o caso da negra Claudine, podem reproduzir outras formas de discriminação. 

É de conhecimento de todos os gritos de "morte aos judeus!" dentro do movimento Black Lives Matter (o grupo se chama "Vidas Negras Importam", mas parece que para eles a vida de judeus não importa). O antissemitismo do BLM foi bem documentado em matéria recente do jornal suíço Neue Zürcher Zeitung. O movimento que se mobiliza em cima da indignação contra a morte de negros trata os  terroristas do Hamas como "combatentes pela liberdade". Poucos dias depois do horrendo atentado terrorista de 7 de Outubro em Israel,  o perfil do  Black Lives Matter-Chicago postou no X, antigo twitter, uma imagem de paraquedistas com a frase "Estou com a Palestina". A imagem faz alusão aos terroristas que atacaram jovens em uma rave israelense ja que os assassinos usavam paraquedas. A postagem é a pura celebração do terror. 

Os protestos do BLM saíram do discurso antissemita para a violência prática em 2020, quando seus ativistas atacaram empresas judaicas em Los Angeles e picharam sinagogas com frases como "Foda-se Israel". Mas o antissemitismo negro não para neste grupo. A Nação do Islã é uma organização supremacista negra, que tem entre seus líderes Louis Farrakhan, um admirador de Hitler. O líder nazista, aliás, goza de prestígio entre outros líderes negros, como o panafricanista Marcus Garvey, que sonhava a deportação completa de negros para a África e mantinha diálogo permanente com a organização racista Ku Kux Klan. No Brasil, a Frente Negra de Abdias de Nascimento tratava Zumbi dos Palmares como "Führer de ébano" e colaborou com o governo do Estado Novo de Getúlio Vargas, o ditador que entregou a comunista judia Olga Benário para ser morta pelos nazistas. 

O conflito atual no Oriente Médio fomentou o ódio histórico pelos judeus. Na esquerda ele se mistura e se disfarça a uma suposta solidariedade ao povo palestino. Pela direita ele se oficializa e cresce em grupos neonazistas. De brancos metidos a arianos é até esperado o antissemitismo, mas negros cometendo racismo contra judeus é algo que choca. 


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