Nomeação de Pochmann para o IBGE mostra que radicalismo petista tem influência



 Por Adelson Vidal Alves 

O terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem as abobrinhas presidenciais, encontros com ditadores, mas também tem uma surpresa: a economia. Quem temia o ministro Fernando Haddad subordinado às visões populistas e terceiromundistas de Lula se enganou feio. Quem esperava um enfrentamento programático com a ministra do Planejamento Simone Tebet também se enganou. Haddad tem se mostrado preocupado com a ordem fiscal do país, e está encaminhando uma bela reforma tributária. Seu bom alinhamento econômico com Tebet, inclusive, é demonstrado na nomeação de Márcio Pochmann para o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Ambos não queriam a indicação de Pochmann.

Márcio Pochmann é um economista ligado a UNICAMP, onde atua o grupo de resistência ao liberalismo econômico que prevaleceu em todos os governos da nova República. Pochmann acumula bizarrices, como sua oposição ao PIX, tratado por ele como "neocolonial". Durante o governo Dilma ele presidiu o Ipea (Instituto de  Pesquisa e Economia Aplicada). Ele perseguiu pesquisadores que não rezavam em sua cartilha heterodoxa, e foi acusado de aparelhar o órgão. 

O temor de muitos de Pochmann no IBGE é que ele use o Instituto ideologicamente, manipulando estatísticas a favor do governo. O economista Edmar Bacha, um dos nomes à frente do Plano Real disse em entrevista: "É um perigo para as estatísticas. Houve um ataque à ciência, à cultura no Brasil no governo Bolsonaro. E agora o país vai colocar como centro do sistema alguém que fez uma desastrosa administração no Ipea. É um enorme risco para a credibilidade do sistema estatístico nacional”. 

Pochmann é um petista raiz, alinhado aos grupos mais radicais do PT e é tratado como alguém de ideias ultrapassadas. O maior perigo, no entanto, é a sua incapacidade de separar o que é governo e o que é Estado. O temor de aparelhamento é real. Em 2011 o sociólogo Emir Sader foi indicado para a Casa de Rui Barbosa e disse abertamente que usaria o espaço para "teorizar" o governo Lula, tal como uma espécie de "pós-neoliberalismo". Assim como Pochmann, Sader é um militante radical do PT, e só não assumiu a Casa pois foi demitido antes de ser nomeado ao atacar a então ministra da Cultura Ana Holanda. Não sei se teremos a mesma sorte com Pochmann. É possível que tenhamos que ficar de olho nele, em nome da boa ciência e da imparcialidade do IBGE. O radicalismo petista ainda tem grande influência no governo. 

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