PT, a esquerda e as ditaduras

 


Por Adelson Vidal Alves*

Há no YouTube um vídeo bizarríssimo em que jovens fazem uma dança estranha de apoio ao ditador venezuelano Nicolas Maduro. A coreografia patética pertence ao grupo esquerdista chamado "Levante Popular da juventude". Entre risos e espantos, quem vê a publicação não pode deixar de se perguntar o que leva parte da esquerda brasileira a apoiar autocratas sanguinários.

No meio petista, intelectuais como Emir Sader e Walter Pomar são cúmplices declarados do regime ditatorial cubano, ao mesmo tempo que reivindicam democracia no Brasil. No governo, o presidente Lula vem reproduzindo posições de omissão na política externa, no que toca à reação a esses governos delinquentes. O Brasil não assinou declaração de repúdio à administração de Daniel Ortega, apoiada por 55 países. Ao mesmo tempo, Celso Amorim, assessor de Lula, vai a Caracas apertar a mão de Maduro e ouvir que a dívida bilionária da Venezuela com Brasil será paga no carnê, sabe-se lá quando.

O PT tem ligações históricas com a revolução sandinista de 1979, tendo tratado a Nicarágua revolucionária como um dos grandes faróis do futuro socialista. Hoje, mesmo diante dos crimes de Ortega, o partido segue cego ideologicamente, absolvendo a bárbarie das autocracias latinas. 

Tudo isso se explica devido a existência de uma esquerda terceiromundista em nossa região. Ela não assimilou a declaração da democracia como valor universal, e ainda se alimenta de dogmas marxista-leninistas que compreendem o Estado capitalista moderno como sendo uma ditadura de classe disfarçada de democracia. Uma tese chula e desacreditada até mesmo nos setores mais avançados do marxismo, mas presente em grande parte da intelectualidade latino-americana e também na militância juvenil castrista e guevarista. 

Essa esquerda, ainda, nutre profundo sentimento anti-americano. Para enfrentar o "imperialismo dos EUA" vale apoiar autocracias que supostamente resistiriam ao mundo unipolar controlado pela potência do Norte. É o caso da Rússia e da China, duas ditaduras que perseguem minorias e violam direitos internacionais, mas que recebem alívio dessa anacrônica esquerda. Vale lembrar que Lula e o PT não condenaram a guerra de agressão operada pela Rússia na Ucrânia. O agora presidente do Brasil já insinuou que a beligerância selvagem do imperialismo russo faz algum sentido em relação ao comportamento do presidente ucraniano. Lula e Bolsonaro assumiram posições semelhantes em relação à guerra de conquista no leste da Europa. 

Uma esquerda que faça opção inegociável pela democracia é uma necessidade. No Brasil ela é minoritária, frente aqueles que falam de emancipação humana conversando com os autocratas mais desprezíveis do planeta. 

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