Demônios brancos



Por Adelson Vidal Alves 


Yusra Khogali, ativista mulata, co-fundadora da organização canadense Black Lives Matter – Toronto, certa vez escreveu:

"A branquitude não é humanidade; de fato, a pele branca é sub-humana (...) Todos os fenótipos existem dentro da família preta e os brancos são principalmente um defeito genético da pretitude. (...) Os brancos principalmente são defeitos genéticos recessivos. Isso é fato (...) Os pretos simplesmente através de seus genes dominantes podem literalmente destruir a raça branca".

Khogali, ainda, rogou a Alá ajuda para não sair por aí matando pessoas brancas. 

O texto da ativista trata os brancos como seres defeituososos, inferiores e geneticamente degenerados. Não há dúvida do supremacismo preto da autora racista, mas nenhum grande estardalhaço foi feito na imprensa ou nos meios políticos e universitários sobre tal posicionamento. Imagine se quem tivesse escrito tal barbaridade fosse um branco falando de negros?

Há uma licença não oficial dada aos negros para a ofensa contra brancos. Isso só acontece por conta de dois termos: "racismo reverso" e "racismo estrutural". O primeiro nunca foi tratado conceitualmente por nenhum estudioso sério crítico dos excessos identitários, mas é usado de forma malandra nos rótulos distribuídos pela central militante. A segunda "teoria" indica que o racismo não é um ato individual, mas resultante de estruturas determinantes que favorecem brancos contra negros. Se pretos não tem o poder, não podem ser racistas. Eis o truque sociológico.

Robin DiAngelo é uma escritora de sucesso. Ela tem um best seller chamado "Não basta não ser racista. Sejamos antirracistas". No livro, sua tese central é: "todo branco é racista, e se você negar isso, temos a prova que você é racista". A professora americana é tratada hoje como uma "estudiosa em assuntos de branquitude". DiAngelo se dedica ao convencimento de pessoas brancas que elas são inevitavelmente más, restando somente a autopenitência e reeducação como saída para essa "raça" naturalmente perversa. Para a académica há "um chamado estimulante para os brancos de todos os lugares verem sua brancura como a é e aproveitarem a oportunidade para melhorar as coisas". E diz mais: "Há uma espécie de alegria no coletivo branco quando corpos negros são punidos".

Há aqui um fatalismo maniqueísta. Os brancos não só são naturalmente racistas, como se alegram com essa condição, regozijando do sofrimento dos pretos, assistindo felizes em plateias entusiasmadas o massacre da pobre população negra. Imagino que a citada autora deve ignorar o que aconteceu em Ruanda, onde negros hutus tratavam os tutsis como "baratas" naquele terrível genocídio. Esquece, ainda, dos chineses que massacram ainda hoje a minoria muculmana dos uigures, torturados em campos de concentração. Ao que tudo indica, só europeus brancos e seus descendentes são capazes de atrocidades racistas. 

São inúmeros os ativistas e intelectuais (negros e até mesmo brancos) que abusam da depreciação ao mesmo tempo que  incentivam o ódio aos brancos. A psiquiatra Aruna Khilanani disse que brancos sofrem de "problemas que se originam em sua própria mente". Ela considera que gente de pele clara carrega em sua natureza psíquica o cargo do remorso e da culpa, como se todos os brancos fossem racistas. E porque todos os brancos sofrem com essa neurose? A doutora responde: "imagino que seja o colonialismo". A  branquitude ganha a marca do imperialismo europeu. Negros não sofrem o trauma da participação africana no tráfico Atlântico. Árabes, chineses e até indígenas teriam uma história pura e límpida. Só os brancos são culpados.

Termino citando o depoimento da já citada doutora Khilanani em uma palestra intitulada "o problema psicopático da mente branca". Nela, a palestrante imaginou que poderia "descarregar um revólver na cabeça de qualquer pessoa branca que estivesse no meu caminho, enterrar seu corpo e enxugar minhas mãos ensaguentadas, enquanto eu me afastava relativamente sem culpa, com um andar orgulhoso. Como se eu tivesse feito um belo de um favor para o mundo"

DiAngelo entende que "uma identidade branca positiva é uma meta impossível. A identidade  branca é inerentemente racista". Talvez aqui esteja a chave para o ódio contra as pessoas brancas. O racismo deixa de ser uma abominação praticada por indivíduos de todas as cores para se tornar algo inato de uma raça, a dos brancos. Os brancos, então, viram uma espécie de demônios por natureza. Demônios brancos a serem exorcizados.


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