Uma Casa de Cultura em Volta Redonda


Por Adelson Vidal Alves 

Imaginem um espaço de cultura em Volta Redonda disponível ao debate e à confraternização cultural das várias formas artísticas e de vivência existentes em nossa cidade. Esse é meu sonho. 

As políticas culturais da cidade do aço tem sido basicamente o suprimento de iniciativas individuais dos artistas e também de eventualidades de cultura ou do entretenimento. Não tenho conseguido vislumbrar por aqui ações grandiosas e duradouras capazes de colocar a dimensão cultural para além de meras expressões pontuais e temporais. Falta a consciência de que pela política de cultura é possível estabelecer bases de sustentação para a civilidade, o exercício da liberdade, da tolerância e da cidadania. 

Quando falo em uma Casa de Cultura, falo literalmente de um espaço físico, portando biblioteca, salas de apresentação e oficinas, auditório, museu, ambiente de pesquisa. Seria onde os cérebros pensantes debateriam nossa cidade, fornecendo, inclusive, subsídios para o poder público direcionar ações de estado conscientes e planejadas de acordo com as demandas identificadas. Mais que isso, o diálogo intercultural diminuiria a fragmentação cultural da cidade, onde pequenas vanguardas monopolizam o espaço urbano. 

Mas há universidades, há o memorial Zumbi, dirão alguns. A Universidade é um reservado profissional, próprio para interesses exclusivamente acadêmicos, e o Zumbi é restrito a discussões de caráter racial. Um espaço universalizante, dialético e aglutinador não existe. Por que não podemos pensá-lo?

Há barreiras econômicas, é verdade. Uma empreitada dessa custa caro, exigindo do poder público capacidade de financiamento público-privado. Mas é possível oferecer a empresários oportunidades de lucro comercial sem que a ideia central seja afetada. Bobagem tentar divorciar a cultura do lucro, eles podem conviver. Além do mais, há fontes de recursos em outras esferas públicas, além do orçamento próprio Municipal. Centralizar as ações culturais da cidade não só promove integração e racionalização, como reduz custos e oferece melhor capacidade de operação das políticas de Cultura. 

Volta Redonda tem um grande potencial artístico e militante. Precisa democratizar oportunidades e estabelecer uma grande conversa municipal em torno das mentalidades e de nossa vocação cultural depois das profundas mudanças que sofremos nas últimas décadas. Uma Casa de Cultura como canal de democratização cultural e interferência na formação crítica das almas voltarredondenses é possível. 




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