Primeiros erros

 


Por Adelson Vidal Alves 

Bolsonaro foi derrotado....ufa! Gostaria muito de esquecê-lo, mas ele tem 400 mil mortes e uma terra arrasada para responder, nos nossos tribunais e no da vida vindoura. Que seja preso e arda no fogo eterno, são meus sinceros desejos de 2023. Dito Isso, falemos de Lula. 

O novo presidente já tomou posse. Não me venha com o papo de "deixe o homem trabalhar". Qualquer cidadão consciente será vigilante desde o primeiro dia de governo, criticando e apoiando, assim é a democracia. Desta forma, deixo meus elogios aos acertos de Lula com Marina Silva no Ministério do Meio ambiente, Simone Tebet no Planejamento, e Nisia Trindade na Saude. Três grandes mulheres. Marina uma referência ambiental no mundo, Tebet tem ideias econômicas modernas, e Nísia retomou o caráter científico do seu ministério. Registro, ainda, minha satisfação em ver um homem como Gabriel Galípolo na equipe do Ministério da Fazenda. Será um nome importante para defender a agenda liberal na economia. 

No entanto, não consigo entender a nomeação de Fernando Haddad para a pasta econômica. Melhor, entendo sim. Lula não quer um contraponto ideológico na Fazenda, que fosse capaz de estabelecer uma relação dialética nos rumos econômicos, como aconteceu no exitoso primeiro mandato. Seria melhor que o novo ministro representasse uma pauta econômica mais ortodoxa, mas, aqui, venceu a ala desenvolvimentista do petismo. Nas primeiras medidas práticas do novo governo teve PEC da gastança, desoneração dos combustíveis, revogação de processos de privatização e agora a pretensão de reduzir juros. Em outros tempos, lá nos tempos de Dilma, tais medidas nos deram uma crise série em 2014/15 e nossa principal estatal foi aparelhada por objetivos políticos. 

Xico Graziano, agrônomo e estudioso da questão agrária, escreveu recentemente sobre a iniciativa de Lula em retomar a pauta da democratização fundiária como prioridade de governo. Graziano, ao lado de outros pesquisadores como Zander Navarro, defendem que o tempo da reforma agrária passou, com a mudança da realidade espacial e econômica do mundo agrícola brasileiro. Distribuição de terras hoje só serve para criar assentamentos que mal conseguem andar com as próprias pernas. O ideal seria o INCRA e os órgãos governamentais de agricultura agirem na legalização fundiária e assessoria técnica aos camponeses que produzem, não mais pensando na terra como o eixo central da agricultura. Tal visão é feudal e fisiocrata. Mas é a cota do MST.

Falando em cotas, os identitaristas também tiveram a sua, sob patrocínio da primeira dama Janja. Na cultura, Margareth Menezes assume com as credenciais de ser negra e mulher, e nos Direitos humanos entra o racialista Silvio Almeida. Na posse, Almeida falou de racismo estrutural e reparação histórica. A ideia de racismo estrutural entende haver no Brasil estruturas institucionais deterministas na operação opressiva de brancos contra negros. Uma farsa. Já a ideia de reparação é fantasiosa, já que não temos instrumentos e nem métodos para reparar as vítimas da escravidão negra. Também não seria justo onerar quem nada tem a ver com os séculos de atrocidades servis. 

O novo governo Lula responde pelo momento político em que está inserido. É relativamente plural, mas ameaçado pelo velho hegemonismo petista. A gestão que chega apresenta os seus primeiros erros, na opinião deste blogueiro. Cabe esperar o resultado, com o alívio de que, pelo menos, não vivemos nos tempos da barbárie bolsonarista.

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